quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Perfeição

Eu estava ali, solteiro, uma cerveja, sentado em uma confortável cadeira. A roupa que me acompanhava, era a mesma dos dias hábituias de trabalho.

Calça social preta, camisa cinza grafite com as mangas arregaçadas na altura do bíceps. Os sapatos marrom escuros combinando com o cinto. Era típico. Exausto. Desejei aquela cerveja. Soava um tanto quanto alcoolatra sozinho, solteiro, no bar. Mas eu precisava.  Avistei duas mulheres conversando, uma delas era completamente interessante. Todos os pré-requisitos estéticos, machista, e egocêntrico ela preenchia.

Mas eu não conseguiria falar com ela, cansado, e sem muitas expectativas me contentei em ficar sentado. Ainda que fosse encantadora.

Era uma tola mentira, eu senti medo, não quis ir, criei desculpas. Eu já não era o mesmo. Nunca fora o bom de labia, mais nunca fui timido. Alguma coisa no meio do caminho aconteceu e eu não me sentia mais seguro para fazer isso.

Eu me dei conta disso, chamei o garçom pedi mais um Heineken e olhei para a tela do PUB, me acalmara um pouco esportes me faziam relaxar.

No final das contas o ideial não era conseguir ir falar com a Sra Perfeição era somente não se sentir perdido.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Letrado Demais.

Era engraçado. Nunca gostara de definições, de explicar as coisas. Mentira. Tola e vaga mentira. Adorava definir, recitar sobre o que era qualquer sentimento. O que os outros sentiam, ele sabia explicar. Como evitar, como agir, parecia ser o dono do conhecimento sentimentalista. Mentira. De fato ele era bom, em ajudar os outros, mas muito distraído. Parou sentado em sua sacada, uma cadeira de madeira pouco inclinada o confortava. Sua mão segurava uma garrafa long neck e dava curtos goles, ainda estava engravatado com seu terno e sua camisa cinza grafite. Olhou para a cidade, aquelas sensações eram boas. Sentia-se no topo do mundo. Levantou e  apoiou os cotovelos no beiral de vidro. Ela estava na sua cabeça de uma forma mais intensa do que devia.

Ele abaixo a cabeça era irônico podia ver toda a cidade como se pudesse controla-la mas a única coisa que não tinha era a que precisava. Pensando em tudo aquilo ele fechou os olhos, terminou sua cerveja, pegou seu celular, e discou. Um toque, dois toques, três toques. Caiu na caixa postal ele ouviu a mensagem até o final e deixou uma simples e básica mensagem: "senti saudade", e desligou.

A queria por perto só não sabia dizer como. E para isso o tão cheio de conhecimento sentimentalista, era o tipo de pessoa letrada demais. Afinal, é muito mais fácil quando a ignorância intelectual sobrepõe-se ao racionalismo obvio.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Noite Canadense

A noite caia e já era tarde e o frio canadense ia tomando notável, ainda que em pleno verão. Era engraçado, ele estava andando sentindo o vento bater no rosto, virou a esquerda e continuou descendo a rua. Olhou para frente  e avistou três meninas subindo, elas andavam e riam. O som de suas vozes, o sotaque, soava tão familiar. Eram de seu país natal e notávelmente estavam alegres.
Ele falou qualquer besteira tentando chamar atenção delas. Conseguiu. Elas viram assim que passaram por ele e perguntaram se ele era Brasileiro. Ele confirmou  que era, e ela pediu que as acompanhasse até seus respectivos pontos. Ele aceitou pois já era tarde e poderia ser perigoso, assim as levou.
Caminharam até onde duas pegaram o ônibus. A ultima das meninas, era uma menina loira, bonita e muito simpática. Ele a acompanhou até  o locar devido e foram conversando, parecia que a conhecia a certo tempo, perguntou a ela como falaria com ela novamente, ela passou seu contato e ele teve que gravar em sua cabeça. O ônibus chegou e se despediram e ele foi repassando o cantato em sua cabeça. Chegou em casa o anotou e jogou-se na cama olhando para  lua pensou em que situação estranha viverá, mas um sorriso apareceu em seus lábios enquanto se lembrava daquilo que acontecera. De uma forma ou de outro ele queria ver aqueles olhos sinceros novamente. Bendita seja a noite canadense.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Garantia não cobre

Em meio ao caos sublime das execuções diárias, olhei nas prateleiras como um consumidor que não sabia o que queria comprar. Me venderam então um sorriso. A necessidade então me foi criada, por um marketing elaborado pelos olhos.

A priori não era essencial, mas é quando você menos espera, que o apego , vontade e a real necessidade são criados, você quer sempre aquele produto. Quer cuidar para que não arranhe, quebre ou se danifique. Enfim, você cuida.

Perdi muito tempo pensando que as coisas eram justas, pensei que há produtos que são perfeitos, um para cada pessoa, e não há, não há um produto perfeito para você. De fato um absurdo. Desculpe mas, é verdade. Você é perfeito para você mesmo, e isso é um fato. Existem produtos que são de alguma forma parecidos conosco, e produtos que tem a capacidade de nos passar segurança, porém, se tiver qualquer problema, a garantia não cobre.

No Manual do consumidor, não existe nada que ensine a resistir, e também não diz que pode ser considerado uma droga. Faz com que você aja de maneira que você não iria agir normalmente, é alucinógeno. Ai então, como se fosse óbvio e senso comum, me vejo querendo comprar, e tentando achar no gerundismo gramatical, da mesma forma que achei na prateleira da vida, mas agora procuro no meu próprio quadrado. Afinal quando a garantia não cobre ou você leva na assistência técnica ou conserta por conta própria, ah sim, você pode jogar fora e se adaptar. É tudo uma forma do quanto você está disposto a se esforçar por causa de um produto.

Não quero comprar outro produto. Porque dentro das imperfeições, e das coisas que não são feitas para nós. Os defeitos não me incomodam. 

terça-feira, 14 de junho de 2011

A Ponte

Sentado em posição de meditação ele estava, focava seu pensamento em coisas positivas, pensamentos positivos, coisas boas, pensava em seu objetivo. Já fazia certo tempo que estava sentado, ele conseguira acalmar-se. Era bom começar o autocontrole, o domínio da mente. Levantou colocou uma calça leve, jogou uma blusa por cima do corpo. Ao pegar a chave do carro percebeu que esquecera o livro em seu quarto. Correu para pegá-lo, apanhou o livro de capa vermelha e foi para o carro.

Ligou a chave no contato, ouviu o motor girar e funcionar, ligou o som, a música que tocava o lembrava tanta coisa, era como se um filme passasse em sua cabeça, aquilo o fez sorrir. Irônico, mas o fez sorrir. Saiu com o carro, andava lentamente, olhava a lua no céu, ele não tinha um destino certo só queria ir. Chegou a uma grande praça no meio da cidade. Engraçado, sempre quis ir ali, mas sozinho não era onde ele imaginaria parar.

Estacionou facilmente o carro, pegou seu livro e foi para praça. Deixou seus passos irem, chegou a uma ponte e parou. Olhou para baixo; um pequeno rio corria ele sorriu para água que passava tranquilamente. Seu reflexo era estranhamente nítido, podia ver sua alma. Virou seu corpo encostou suas costas madeira em que havia deixado seus braços cruzarem.

Sua cabeça ficara novamente agitada pensando em tantas coisas. Era hora de filtrar seus pensamentos de novo, ele sabia que mudanças são inevitáveis, que as vezes a vida beteria no nariz, que ele sangraria, que pensaria em desistir e olharia para o futuro sem muita esperança, mas é ai que deveria crescer. Estufar o peito. É nessa hora, quando você esta mais fraco, quando você esta triste, que a verdadeira luta começa. Não é fácil, não foi e não vai ser fácil nem para mim nem para ninguém. Mas valerá a pena... ninguém vive o que não consegue suportar, ninguém, e a melhor forma de superar algo é querer. É viver isso. Se você perder alguém não importe quem.. ou o que seja... leve o que teve de bom, você nunca fez demais, e nunca fez de menos, só fez o que podia fazer... se não fez algo... é porque de fato, não queria ou não precisava. Então não se arrependa.

Ele sorriu novamente, estava decidido em com objetivos traçados, ele ia abraçar qualquer coisa que viesse, dor, alegria, incerteza. Ele traçara seu objetivo, fez tudo que o lhe ensinará. E estava disposto a correr todos os riscos.

Já não havia erros, os reveses sempre serão oportunidades para a expansão pessoal e para o crescimento espiritual.

Ele lembrou um sorriso. Colocou o capuz da blusa, era hora de comer algo quente e tomar um bom vinho, e não havia melhor lugar do que na frente de sua lareira com uma vista para o céu azul escuro com pontos brilhantes.

domingo, 5 de junho de 2011

A Maneira mais Fácil

Aquelas palavras não saiam da minha cabeça e um medo gelava o estomago. Já era tarde e a cabeça não parava, o mundo parecia confuso e eu estava ali sem palavras, olhando para o teto e repassando a cena na minha cabeça.

“O caminho para casa fora lento... demorara mais do que de costume na realidade, quase o dobro do tempo...Ele ligou o radio mas não escutava o que estava tocando. Na realidade o que guiava o ironicamente era a linha mal tracejada do asfalto.”

Ele se sentia de certa forma patético. De fato ele era. Sentia que era fadado ao fracasso com esse seu jeito de ser “correto”. Mas afinal, quantas vezes ele agira dessa forma, sentia o gosto da decepção, e continuara assim? Em seu amago ele sabia que não deixaria de ser assim.

Em um momento x em que o beijo acontecera, após longa conversa, ele deu conta do quanto se preocupava, em todos os méritos, amigo, homem, companheiro.

Todas as minhas perguntas sem respostas continuavam. Eu estava notoriamente abatido, porém, como bom capricorniano que era, sorri e soube o que faria. No final das contas eu sempre arrumava mais um motivo para trabalhar.

E era assim mais uma vez. Era maneira mais fácil resolver qualquer problema ou envolvimento pessoal quando decidia trabalhar, estudar. Eu era bom nisso e eu precisava de algo para se orgulhar. Ainda que com certos pensamentos dentro de mim.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

É segunda e você tem que ir trabalhar

(Meus caros, sinceramente me desculpem pelo tempo que demorei para postar, esse mês esta acabando e é mês de fechamento. Mas segue algo para vocês. Obrigado)


Não consegui distinguir gosto, era totalmente diferente do que havia provado algum dia. Fechei os olhos e deixei som das águas do rio nos embalar. Era confortante a maneira como encaixava, Ele sabia que era bom e diferente, não sabia dizer o que realmente mudava, mas me encantava.

Peguei sua mão e continuamos andando, num ritmo lento, um ritmo que ela pudesse andar sem se sentir incomoda. O Silêncio, quando havia, não era constrangedor, era só silêncio. Não podia negar, aquilo o confortava a alma, aquilo acalentava qualquer sensação. E não havia definição.

Enfim chegamos ao nosso destino, uma música, que sinceramente não lembro a letra tocava. Ela dança ao andar, a envolvi pela cintura, e dancei ao ritmo que ela dança. Em determinado ponto, não conseguia mais manter aquilo, a virei para mim, e dançamos, mais uma vez como se fosse novidade.

O dia se passava lentamente, e eu agradecia por aquilo, era ótimo. Rimos, conversamos, a tempo de eu perceber o quanto era bom. O dia passou sem delongas, uma conversa ao longo da noite tornou-a mais agradável, afinal, era tão bom dividir experiências.

O Fim do dia chegará era hora de dormir, era estranho dizer, mais o beijo de boa noite, e o : “Vai dormir que tá tarde”, foi tão bem vindo quanto o beijo de bom dia: “é Segunda, e você vai trabalhar”.

domingo, 1 de maio de 2011

Vinho e Salmão

Eram 20:30 ele tirou o relógio, colocou o avental. Estava ansioso. Era estranho se sentir assim. Ele queria que tudo saísse muito bem, mas e esse frio no estomago? Era a sensação de ser posto a prova ou era medo de não ficar bom? Ele riu dele mesmo. Definitivamente ele era um tolo.

Ele havia decidido desde o momento que à convidara para aquele jantar: Salmão ao molho de alcaparras. Retirou a pele do salmão que comprara, sob a boa tabua de madeira, molhando constantemente a faca bem amolada para um melhor corte. Temperou com soco de limão especial que fizera e colocou na geladeira. Em uma hora o salmão estará bom para ser grelhado e ele poderia tirar o suco.

Pegou a alface, palmito, tomate cereja, azeitonas pretas. Ficaria bom! Mas o frio na barriga o incomodava. Guardou a salada, já preparada, em uma travessa de alumínio. Decidiu que era hora de um bom banho. Ligou o som, que sensação maravilhosa sentir a água cair na cabeça correr pelo seu corpo, ao som de uma música qualquer.

Ainda no chuveiro, fez a barba e brincou,como era comum, com o shampoo em seu cabelo. Secou-se e enrolou-se na toalha, adorava andar assim pela casa. Era hora do vinho. O vinho seria essencial, o senso comum, talvez a etiqueta lógica pedida um vinho branco, mas, ele nunca gostara do senso comum. Vinho tinto suave, bem suave. Sabia por opiniões de Gastrônomos que combinaria.
Ligou sua TV colocou em um seriado qualquer, bem como, decidiu que era um momento bem propício para se trocar. O dia era quente, colocou uma bermuda preta e uma camiseta branca lisa.

O telefone tocou, ela avisava que estava chegando. Ele foi até a cozinha e começou a preparar o molho. Colocou o peixe para grelhar com azeite e não com óleo, a tempo dela chegar e este não estar pronto, pois, estar quente e mácio era fundamental. Ela chegara. A convidou para entrar ela aceitou, disse para que ela aguarda-se alguns instante, mas, ficasse a vontade. Ele começou a organizar a mesa. Serviu a comida, o vinho e deixou que o tempero da salada fosse posto a gosto.

Ainda estava com um friozinho na barriga para saber o que ela achara mas ao ver o seu sorriso ao provar a comida, tivera a certeza, ela realmente gostara daquilo., daquele sabor. Ele deu um gole de vinho, e sorriu. Ela havia gostado. Não precisava se preocupar com mais nada a não ser desfrutar de uma boa conversa com Vinho e Salmão.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Bom Dia

 * Não tive muito tempo para correções, portanto, me desculpem, mas as coisas andam corridas. Como estou viajando hoje, só conseguirei responder na segunda... Obrigado. Thiago*

Fechou o livro, tirou seus óculos e colocou-os na mesinha ao lado da poltrona. Respirou fundo, levantou-se. Caminhou até o banheiro, lavou os rosto e pensou: “Estou apresentável”, vestia uma camisa social cinza grafite manga longa, a calça do terno que usara o dia todo.

Escovou os dentes, passou um pouco de seu perfume amadeirado, o cabelo estava levemente bagunçado, exatamente como gostava. Pegou a chave do carro, e saiu. Finalmente chegara ao seu destino. Escolhera uma mesa de frente para o palco, pediu uma vodka com citrus, seria bom para começar a noite.

Posicionou-se de lado na cadeira, com o braço direito apoiado na parte superior. Olhou seu relógio, enfim, a música estava para começar. Ele aguardara por esse show, alias como ele definia: “A Capela”,contudo, ele não conseguia ver tanto sentido. Não era assim que era para ser. Ele pegou o telefone mas não discou. Colocou de novo em seu bolso e tomou um gole de sua vodka.

As vezes ter privilégios nos lugares tinha suas vantagens, ele era um dos poucos que podia ser servido hoje. E isso alimentava um pouco o ego. Seu baixo eu. Se distraiu fazendo círculos com o copo, uma ação muito típica dele. Pouco tempo depois o garçom chegou e disse que havia uma senhorita na porta, dizendo que estava ali para encontrá-lo.

A surpresa o pegar desprevenido. Perguntou qual o nome da pessoa e o garçom o disse, ele autorizou a entrada e discretamente um sorriso apareceu. Que noite boa. Ele olhou para o espaço pelo qual ela teria que passar, e ela passou, linda, com um vestido preto colado ao corpo, que chegava até a altura dos joelhos. Não era vulgar, muito menos comportado. Era provocante, politicamente correto, religiosamente devastador de crescenças.

Ele prestou atenção em cada detalhe. Em como a rubi vermelho que ele dera ficava bonito em contraste com o verde dos olhos dela. Seu cabelo caia até a altura do ombro. Ela era perfeita demais para não ludibria-lo.

Sorriu e disse: Não esperava que viesse. Ela o olhou e respondeu: “Temos muita coisa para conversar ainda, porém, nada melhor do que a musica que nos apresentou.
Ele sorriu e estendeu a mão direita par que ela pegasse. Acompanhou-a até a cadeira e sentaram.

O show iria começar e a música deles viria para dar as boas vindas para o novo-velho casal.

A música começou, ele olhou para ela e sorriu, ela retribuiu o sorriso mas não cortou o silêncio. Ele respirou fundo e disse: “Lembra desa música?” Ela o olhou nos olhos “Cada verso”. Ficaram quietos, não havia mais o que dizer. Bandolins soaram deliciosamente pela acústica do bar. Ele não aguentou, puxou-a para ele e a beijo. Bastara de infantilidades e imaturidades. Era hora de crescer, era hora de começar de novo com o velho.

O show acabara, ele levantou-se e estendeu a mão para que ela levantasse , ela aceitou, e o acompanhou, ele perguntou se ela queria ir para seu apartamento, ela aceitou. Conversaram o caminho inteiro e perceberam quanta falta aquilo fazia. Conversaram por horas, decidiram as pendências. Era melhor viver cada coisa de cada vez, não correr, só viver.

Mas nada impediria o beijo de Bom Dia.

domingo, 10 de abril de 2011

Não há como recuperar

Peguei meu celular e apertei snooze. Enfim a noite acabara, melhor assim. Contemplei o teto por alguns instantes, suspirei. Não era como se eu tivesse dormido a noite toda, o que de fato não fiz. Na realidade, também não era como se divertir a noite toda. Eu não dormira. Mas estava aliviado, teria, agora, que o dia finalmente começara,  como me concentrar em outras coisas. Mas Primeiro, faria algo.

O sentimento de insuficiência me bateu. Levantei e fui ao banheiro; escovei meus dentes e após secar o rosto, olhei para o espelho: "Eu estava acabado". Liguei o som, abri o chuveiro, e ao som de Say do John Mayer, deixei a água cair em mim. Eu pensava: "Como poucas palavras proferidas poderiam me afetar tanto?." Desliguei o chuveiro, peguei a boa tolha preta, enrolei em torno da cintura cobrindo apenas o que era estritamente necessário. Caminhei até a cozinha. Olhei para a mesa que não arrumara na noite passada, peguei um copo de café e fui até a janela.

Eram 9 am e a cidade estava agitada. Trabalhar em casa tinha suas vantagens. Mas hoje, especialmente hoje. Não queria essa comodidade.

Respirei fundo; não perdoava-me por não ter dito tudo que queria quando ela disse que iria embora. Eu perdera a oportunidade de dizer o que estava pensando o que tinha por dentro. Eu sabia que não havia como recuperar o tempo perdido ou corrigir os problemas que tivemos. Mas tinha de dizer tudo.

E era tarde. Era tarde demais para desculpas, minhas ou dela. Peguei o telefone e disquei o primeiro número da lista, ela atendeu, com um Olá. Não respondi, só disse o que queria:

“ - Eu não estou te ligando para pedir uma segunda chance. Eu estou te ligando para dizer, para gritar-te cada coisa, cada palavra que eu não disse ontem após suas verdades. Depois de falar eu vou desligar o telefone e não vou mais te ligar. Mas preste atenção em cada palavra que talvez sem sentido saia, pois, eu não tenho um script para seguir.... Eu me importo e gosto de você por tudo que você é, eu quero/sempre quis, ver-te feliz. Sei que não há mais uma situação que nos faça ficar bem de imediato, mas, deixar-te ir ontem sem dizer nada foi errado. Erramos. Ambos. É muito tarde para desculpas. Só quero que saiba que eu e você, superaremos isso. Há básicamente quatro coisas que não podem ser recuperadas:
-A pedra depois de atirada..
-A palavra depois de proferida..
-A ocasião depois de perdida..
-E o tempo depois de passado..
E isso destruiu tudo. E Isso fez com que acabasse. Deve ter sido tão difícil suportar minhas fraquezas e desilusões. Mas não foi fácil também suportar seus erros. Não foi fácil para ninguém. Sigo então, ainda  que , tenha certo carinho, mas hoje acho que é só isso. Te ver chorar ontem me machucou. Porque eu sabia que eu era a razão. E te ver sorrir amanhã me deixará enciumado por não ser a razão. Mas quero que seja feliz.
Encontrará alguém para começar do zero. Começe certo. Você sabe como o fazer. Eu também encontrarei alguém e começarei certo. Me desculpe por qualquer eventualidade. E esta é a pedra que faltava ser atirada, fique tranquila. Ela vai pingar uma ou duas vezes no rio e chegará na outra margem e em pouco tempo será só um arranhão. Seja feliz e adeus.”

Como prometido desliguei o telefone, havia uma dor no meu peito mas aquilo era o fim. E eu haveria de encontrar. Encontrar alguém que fizesse-me sentir tolo, bobo, ou até imaturo. Mas eu estava cansado e é exatamente quando a gente tá cansado que o coração distraí então a sorte vem.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Seguindo em frente

Chegou cansado do trabalho, entrou em seu quarto, colocando sua mochila em um canto qualquer. Tirou o sapato social, enquanto desabotoava sua camisa cinza, puxou-a para cima de forma que saisse de dentro da calça e sentou-se na ponta da cama. Era orgulhoso demais para admirtir a dor que sentia. A cama de casal parecera maior que nunca. Levantou, tirou o cinto, e deixou a calça cair, tirou suas meias quando a calça tocou o chão aproveitando o fato de ter que levantar os pés para sair de cima da roupa.

Caminhou até o armário e o abriu, do lado das suas roupas, as roupas dela, intocavéis, já fazia algum tempo que ela partira, e ele nem se quer teve coragem de mexer nas roupas. Ele balançou a cabeça, negativamente, fechou os olhos mas era tarde a lágrima já havia escorrido. Colocou o polegar e indicador direito no canto dos olhos para enxugá-los e caminhou para sala.

Abriu sua pequena copa, pegou seu velho e bom whisky, colocou duas pedras de gelo, serviu seu copo. Sentou-se em sua poltrona confortável próxima a uma de suas paredes espelhadas. A Lua estava coberta; sinais de chuva a caminho; Lembrou que lendo Clarisse Lispector desobriu que chuva representava mudança, mas não deu bola. Apoiou o copo na mesinha ao lado da poltrona, como tantas vezes fez para que ela sentasse em seu colo. Ele cansara.

Havia de deixar toda a tristeza sair; fechou os olhos e começou a lembrar, o beijo, a festa de casamento, a lua-de-mel, passaram por tudo, ela era tudo que ele poderia desejar. As tardes em um parque qualquer lendo um livro qualquer. O vento que batia no cabelo dela e jogava o perfume em sua face embriagando com o cheiro, o cheiro dela.

Sua respiração acelerou, seu corpo, cada célula, ele podia sentir o sangue passando. Como era difícil querer tanto sentir ela de novo, respirar o perfume dela, o pescoço aveludado. As lágrimas vinha sem parar e ele as deixou cair, ele precisava daquilo, ele necessitava. A chuva começou e ele sabia que era difícil para ele te-lâ perdido. Era pior ainda saber que não havia sido escolha dela, nem dele.

Ele se sentia culpado, culpado por estar viajando, ele sabia que era a trabalho, mas se culpava. Era mulher dele, somente dele. Com aquela dor ele sentiu seu corpo relaxar de uma forma estranha e sua visão escurecer. Dormiu. Durante o sono sua mente voou, foi longe, um sonho tranquilo mas que era com ela.

Ele abriu os olhos, eram cinco e trinta da manhã e o sol lhe batia no rosto, olhou para o lado viu o copo de whisky quase da cor de água por causa do gelo. Respirou fundo e percebeu que estava leve. Deixara toda angústia ir embora. Ele olhou para fora, de casa e percebeu era hora de seguir em frente.

sábado, 26 de março de 2011

A Música do Vizinho

OBS: Para melhor entendimento. Leia os textos: A Tarde Seguinte e Supreenda-me.


“Sentiu-se congelado; exatamente essa era a sensação. Era bom. A sensação da pele fervilhava porém. O novo, a descoberta, o pequeno mistério. Não acreditava, o novo fascinava.
O novo me parecia um velho conhecido, seus caminhos, seus limites. O corpo transboradava-lhe toda raça, toda a necessidade, enfim, toda emoção. Era evidente.
Ela demonstrava ser e conhecer as vontades dele. Ela era experiente. O conhecia, como se ele, se ele fosse simples; decifrável.
Tinham seus limites, seu senso comum, ele descia pelo seu corpo, seus lábios, e abraços, abriam caminho. Ela deixava, ela queria, alguém não poderia fingir tão bem.” Pensou.

Era um filme, ele não conseguia concentrar-se, ele tinha que trabalhar, mas era como se ela, negligentemente, houvesse tomado seus pensamentos.
Ele pensava em tudo. No seu sair do banho enrolada na toalha, no abraço subsequente, o beijo no pescoço. A respiração dele ofegou-se, o peito acelerou, mas ele disfarçara, era bom nisso. Pensar no que vivera fazia-o querer sonhar, mas ele, cuidados, precisava não pensar.

Ele havia ligado para uma estranha, que conhecera falando sobre sagitário, ela oferecera o telefone, ele aceitou. Marcaram de sair na noite seguinte. Um domingo. Não era natural o suficiente? E principalmente vê-la, linda, pura, santa. Por que aquilo era divino. Sair do banho ao som, de algum louco, tocando Sax as 7 da manhã. Aquilo era demais. Ele definiu como: “A manhã seguinte”.

Pacientemente, fechou os olhos, pegou sua lista: “to do” , e anexou, ligar para a tal Sagitariana. Colocou um site qualquer de musica, selecionou Garota de Ipanema, colocou seus fones. Aquilo certamente melhoraria seu rendimento, ainda que possivelmente o deixaria ofegante novamente. Era música do vizinho nos seus ouvidos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Surpreenda-me

Ela balançou os cabelos desfazendo o rabo de cavalo. Seu corpo ainda anestesiado pela sensação que vivera. Ele havia feito seu peito acelerar e a respiração ofegar. Ela ligou o chuveiro e deixou a água bater em suas costas, que ainda arrepiadas começavam a relaxar. Havia sido tenso, intenso e propenso. Propenso ao pecado capital. A Impureza, mais pura, nua e crua que se poderia viver.

E ela viveu. Delirou ao som doce do saxofone que algum vizinho tocava toda manhã. O som sexy que a fazia relembrar cada beijo, cada toque. Desligou o chuveiro, se envolveu na toalha que fazia delicada massagem em seu corpo.
Passou o pente em seus cabelos, e saiu do banho, olhou para a cama e la estava ele. Dormindo. Ele acordou, e com cara de sono deu um sorriso para ela em meio a um Bom Dia.

Ela respondeu e virou para seu armário.Procurava o que vestir. Ele levantou caminhou a envolveu pela cintura, beijou seu pescoço e perguntou o que ela gostaria de comer. Ela fechou os olhos sentindo aquele toque e finalmente respondeu: “Não importa, surpreenda-me”. Ele sorriu e respondeu: “muita fome ou pouca fome?” Ela andou até a penteadeira, não queria falar.

Não importava, ela só queria um suco fresco, ou algo que pudesse dividir com quem a arrepiara só por toca-la.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Prata

Fechei meus olhos. Os pensamentos soltavam da minha cabeça, como se de algum mudo, alguma maneira virariam fatos.

Passei alguns instantes e abri meus olhos, era estranho. Bom, porém estranho. Olhei para janela que permanecera aberta, a lua iluminava meu travesseiro. A contemplei, como se nunca houvesse visto tal beleza. A noite começava a fazer bem; minha cabeça esvaziara, meu peito não estava mais agitado. Ainda que flashs passavam, estava calmo, estava livre.

O senso de liberdade me tomou, queria ver a tal beleza mais próxima. Peguei meu carro, coloquei o velho cd dos The Cranberries, onde Linger ja não tocava perfeitamente. Continuei andando; seguindo para onde o Prata me levava. Como aqueles fios. Andei por aproximadamente vinte minutos e estacionei.

A priori não percebi aonde estava, olhei para os lados e então me dei conta. Estava aonde os tais pensamentos soltos que, anteriormente, estavam na minha cabeça surgiram.
Eu fechei meus olhos, encostei minha cabeça no volante, prestei atenção na musica que dizia coincidentemente: “I'm wasting no more time I'm always gonna tell you what's on my mind”.

Parecia estranho, era incerto, mas o Prata iluminava as casas, os prédios, mas principalmente a mim. Revivo o beijo, liguei o carro. Eu estava em paz.

sábado, 19 de março de 2011

Enfim o que resta

As vezes a vida simplesmente nos trás pesadelos. Nos faz passar por coisas que não deveríamos. Nos faz sentir dor, nos faz viver a dor. Paramos de planejar e aprendemos que viver é muito mais importante.

Eu passei por muita coisa. Vi coisas que não deveria, e guardei-as para mim quando deveria tê-las soltado. Há um momento na sua vida que você tem que se superar, que você tem que fazer o algo a mais.

Eu sempre tentei ser um cara legal, alguém de valor, alguém que seria raro. Não confunda com perfeição, nunca fui perfeito, nunca quis ser. Eu tenho meus defeitos.

Eu fui machucado, mas já machuquei. É um ciclo normal da vida, por mais que não seja agradável. Mas você supera, ainda tenho certo trauma, certos receios, provenientes de tudo que eu vivi, mas assim como eu, você consegue superar e descobrir que de repente o que você precisa é de alguém que se importa.

É difícil mostrar para qualquer pessoa, o quão autêntico você é. O quão verdadeiro. Sempre muito tranquilo e com ciência do que quero. Bem como, de até onde devo ir. Mas por alguns minutos hoje eu me perdi. Pensando nos olhos.

Eu não vivo uma vida pela metade. Eu não sei sonhar pela metade. Gosto de coisas que me fazem sentir vivo. E isso eu consigo sentir, essa vivacidade, que tão ferozmente conduz para um caminho de alegria. Porque você se sentirá alegre, uma vez que se sinta vivo.

Talvez nada do que foi e será dito aqui faça algum sentido, mas espero que dentro dessa insensatez, assim como eu, você, ele ou ela, possa se encontrar e dizer a mesma coisa: Viver.

Não há como negar que há vestígios em mim, e sempre haverá, não há como negar que há também em cada um de nós. Mas para mim, vale a pena acreditar, confiar. Por que eu sei quem eu sou e um pouco do que eu mereço.

Enfim o que resta é o meu sorriso que nunca morrerá.

domingo, 13 de março de 2011

Mais uma Dança

Eu olhei para cima e respirei fundo, ela apontou para parede e disse: “- Olha é decorado com Cartola e a parede é para dar ideia de rua.”, ela estava certa, era a decoração perfeita para um lugar em que dançava-se um velho Samba. O copo na mão, sim: a simples, suave, amarga, e indescritível cerveja, que apesar da velocidade em que esquentava, descia pela garganta vitruvianamente.

Eu estiquei minha mão para ela; ela que me acompanhava e me lembrava do quanto eu gostava de sambar.Aceitou. Então dançamos, não era a primeira vez, haviamos dançado ao som de Beatles, mais precisamente I Want to hold your Hand. Mas hoje era diferente, eramos nós, só nós. Coincidentemente casual, não havia planos, não havia combinações, havia o acaso.

Ela me acompanhou na dança perfeita, no ritmo perfeito. Eu não era nenhum Patrick Swayze, mas era o cara que a tinha nos braços. A música seguiu noite à dentro, e nossos passos correram pelos acordes ritimados, parados somente, e exclusivamente, por um comentário engraçado, como em quão inapropriado era ter um garçom de quase dois metros querendo conversar com uma garçonete de um e meio. Era físicamente impossivel essa conversa onde estavamos, nos serviamos de mais um copo de cerveja e discutiamos Oswaldo Montenegro para então voltarmos a dançar.

Prestei muita atenção em cada coisa que aconteceu. Eu poderia dizer quantas vezes ela riu, mas a música cessou, e decidimos que era hora de sentar. Pegamos mais uma garafa, e conversamos: coisas simples, agradaveis, reais. Sem nenhuma pretensão de impressionar, deixando guardada a sede pelos lábios e basicamente, deliciando a companhia, a cerveja e o bolinho de arroz com provolone que me apresentara. Eramos Nós, só Nós e a nossa outra dança.

sábado, 12 de março de 2011

Uma em Vez de Vinte e duas.

Hoje, durante um café com uma amiga, fui indagado com a pergunta:"Porque homens não gostam de relacionamentos?". Parei para refletir, e então pensei como e de que forma, poderia generalizar isso.
Eu não sou o tipo de cara mais apropriado para isso, eu gosto de relacionamentos, a ideia de namoro parece plausível, e agradável.

Namoro não consiste em privatizações, e eu não sei porque tantas pessoas acham que é se privar. Sejamos realistas, e pensemos, você começa a namorar.... O que mudou? Não muito, só que ao invés de se preocupar com as Vinte e duas meninas que você vai ficar na Balada, você vai se preocupar com a uma menina que se importa com você. Agora me fale, o que vale mais? Vinte e duas que não agregam valor nenhum a sua vida, ou Uma que te faz crescer, que está do seu lado, que se importa?

Eu, hoje, não tenho problema nenhum com mulheres, ou em conquistar mulheres, eu sou um cara interessante, inteligente, carinhoso, e até bonito, e sempre tem alguma menina carente precisando de um cara assim, não é? Para que eu me preocuparia? Simplesmente porque em um determinado momento da vida você aprende que a pessoa que você liga a noite, ou que deita do seu lado para dormir; ela se preocupa e te quer bem. Ela te faz bem.

Namorar não é ruim, namorar é fácil, simples, é otimo, porém, como bons racionais que somos, temos a fabulosa capacidade de tornar tudo mais difícil e complicado e sermos os donos da situação.

Namore, cuide, saia com seus amigos, fique bebado com eles, não haverá problema, desde que você saiba para quem dará sua ultima dança. E ela entenderá, pela suas atitudes, quem você é e do que você é feito.

Já falhei em namoros, já errei em relacionamentos diversos, mas sempre tentei acertar. Sempre respeitei, e sempre vou respeitar, porque no final das contas a única coisa que vai acontecer é eu, e somente eu, viver com aquilo, com o sentimento de culpa ou de "eu fiz o melhor".

Segure a mão dela em frente ao seus amigos. Use a cintura, quando for beija-la e não para mostrar pose.
Não dê amasso na frente de todo mundo isso é uma “particularidade” de vocês, dê um simples “selinho” e pergunte se ela está confortável. Mas isso, é só uma dica.

Lembre-se não há necessidade de apressar nada, mas há a necessidade de viver, de amar, de doar, de ceder, mas principalmente enteder que agimos, pensamos e somos diferentes. Cada um com sua particularidade.

E quando achar que está decepcionado, lembre-se da parte de particularidade, costumamos nos decepcionar não pelo que foi feito, mas sim pelo que esperávamos que fosse.

Chego então ao meu final, com o pensamento de que homens não tem medo de namorar, tem medo do novo, do estranho e do diferente.como todo ser humano. Não se trata de privações, se trata de Uma em vez de Vinte e duas.

Tarde Seguinte

Estava abarrotado de pessoas, confortantemente abarrotado, mas eu pude ver-te. Não, na realidade foi algo muito mais, como sentir-te. Eu sabia que encontraria algo. Algo você, alguma música ao fundo tocava, não sabia o nome ou quem cantava, mas fez meus olhos fecharem, esses os quais muitas das vezes haviam permanecido abertos ao som de qualquer melodia, não resistiram, padeceram.

A brisa suave bateu ao meu rosto. Chegara a uma área particular da casa, acendi meu cigarro amassado, risquei o isqueiro velho e traguei. Era sexta-feira, eu estava cansado. Exausto seria a palavra, mas minha mente máquinaria, programada para Supply Chain, não aquietou-se, pensava no que vira, sentira ou até imaginara, pois, não era possível. O estonteante não pode ser possível.

Ali, com o cigarro na mão, vendo suas cinzas cairem e sentindo a brisa bater, me ocorreu o pensamento, o impróprio pensamento de algo gelado amargo descer pela minha garganta. Me virei para onde haveria de voltar. Não fui, pois, ela vinha em minha direção, um sorriso não pretensioso, era puro. Me venceu. O tão pretensioso e dominador se foi. O controle da situação já não era mais meu, se é que algum dia fora.

Ela sentou-se na mesa, cruzou sua perna e seu olhar se perdeu. Foi para um infinito particular onde cada detalhe era exclusivo e aquilo, aquele infinito me ludibriou, eu precisava, queria, tinha sede de curiosidade por aquele pensamento. Exitei ao ir até ela, pois, não sabia o que dizer, não queria soar clichê , queria soar a mim, agradável, sutilmente inteligente, feminista. Joguei o cigarro fora. Caminhei. Perguntei se ela gostaria de companhia, ainda que inseguro e amedrontado. E ela disse que seria agradável.

Puxei a cadeira, me sentei, observei seus olhos sem falar nada por alguns instantes. Perguntei para onde ela olhava, tão compenetrada. Ela me disse que somente pensa e admirava as estrelas. Falei para ela que olhar as estrelas sempre me acalmava, apontei para ela a constelação de Sagitário, a noite era bem clara, um céu que só o interior provia. Ela falou que seu signo era Sagitário, mas não era uma grande conhecedora de constelações. Eu falei que também não mas, como seus olhos, era a mais bela que já haviam me apresentado.

Ela sorriu tímida pela primeira vez, me senti como um vencedor. Ela perguntou se eu tinha um papel disse que sim, e ela me pediu emprestado, anotou um telefone e me devolveu, olhou para mim e pediu que ligasse no outro dia, depois das 14, pois precisava ir. Eu levantei-me, demonstrando meu cavalherismoa para auxiliá-la, agredeci pelo número e disse que ligaria. Ela me deu um beijo doce no rosto e disse "se cuide",virou as costas e voltou de onde viera.

A vontade de algo amargo e gelado havia ido embora, eu peguei outro cigarro dei um trago e deixei-o queimar enquanto olhava a bela Sagitariana que havia conhecido através de sua própria constelação, dei mais um trago e fechei meus olhos, a noite já não me interessava tanto quanto a tarde seguinte.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A nossa música Brasileira

Ao som de Paulinho da viola, eu a convidei, um convite pretensioso, audacioso. Era um convite, ainda que digitado, com um certo brilho no olhar, eu havia sentido a necessidade pretensiosa de um sorriso em seus lábios. Soou plausível. A priori um fondue, pensei, é diferente, é egocêntrico como eu, é único. Eu egocêntrico que sou, mudei de planos, MPB, soaria clássico, soaria puro e impuro, soaria a mim, ousado mas puro, como um cristal mostraria seu valor sem muitas intenções promiscuas.

Desatento aos detalhes... não, esse não seria eu. Eu me atento, observo, pesquiso e procuro o melhor lugar, como se até fosse um perfeito galanteador, ou um profissional. Profissionais não erram, eles são precisos eles são centrados, eu me encaixo em "focado",  em "determinado". O toque aos seus cabelos lisos, era excêntrico, era fino e doce, como sua gargalhada de um comentário cômico levemente observado e talvez clichê, mas real, sedoso, como o toque dos acordes de uma bossa composta por Chico, ou um chorinho do Paulinho, mas tão poeta quanto Oswaldo, tão realista quanto Elis.

Não há como explicar a vida em um samba curto, apesar do Sax do jazz soar melódico, é incompleto, soa curto e pequeno ainda que sua partitura seja composta em Si Bemol ou em qualquer pentatônica maior feita para Blues. Mas eu não quero o Blues do Eric eu quero a escala doce de Benito de Paula, de Paula a nossa música brasileira.

Aquela melodia perfeita que não cala, que não morre, como em um marketing natural de qualidade desenvolvido pelo seu próprio sabor, sem pré-definição ou concessão, só a simplicidade natural da partitura perfeita.

domingo, 6 de março de 2011

Eu chamo de você

De todos os pensamentos provenientes de uma situação não tão bem definida, pré-ditos e vividas por pessoas conhecidas, estou aqui hoje, ambíguo. Eu lhe procuro, me preocupo, me descuido­­, me mantenho forte, fragilmente forte, no momento em que  pareço mais forte -  Nos encontramos - A resistência ,o medo e força se esvaem, talvez as coisas estejam meio misturadas e a vontade de  brigar, lutar e resistir se vai quando a frágil vontade de partir se esvai.

Eu penso repenso e revivo cada coisa que senti, que sinto e que sentirei com o incerto como na  conjugação de verbo sentir passando por todos os tempos, contudo,  penso muito mais no que seria a continuação. Muitos dizem que perderam a capacidade de amar, eu não, aliás você também não, você simplesmente acha que perdeu, mas o que sente e demonstra sentir não é amor? Não é amar? Ou seja, talvez e só talvez,  quando perdeu,  ganhou.

Me perco quando penso, e me descuido quando me foco, me foco no certo ou correto como realmente ou ilusoriamente seja. A pior coisa de um momento é e ter que esperá-lo, mas as vezes é melhor, notoriamente, será a predestinação de viver o que acontecerá e sorrir com a vitória, e esta, a tal vitória que pode ser usada como um nome feminino disposto ao amor, pode ser perder ou ganhar, uma vez que o que foi não será novamente e  o melhor pode acontecer de repente, com o certo ou com o incerto.

Viver, sorrir e lutar, é o que nos faz andar  ou até evoluir talvez seja o que a imprecisão das pré definições possa nos trazer, mas isso eu só chamo de você.