terça-feira, 15 de novembro de 2011

Letrado Demais.

Era engraçado. Nunca gostara de definições, de explicar as coisas. Mentira. Tola e vaga mentira. Adorava definir, recitar sobre o que era qualquer sentimento. O que os outros sentiam, ele sabia explicar. Como evitar, como agir, parecia ser o dono do conhecimento sentimentalista. Mentira. De fato ele era bom, em ajudar os outros, mas muito distraído. Parou sentado em sua sacada, uma cadeira de madeira pouco inclinada o confortava. Sua mão segurava uma garrafa long neck e dava curtos goles, ainda estava engravatado com seu terno e sua camisa cinza grafite. Olhou para a cidade, aquelas sensações eram boas. Sentia-se no topo do mundo. Levantou e  apoiou os cotovelos no beiral de vidro. Ela estava na sua cabeça de uma forma mais intensa do que devia.

Ele abaixo a cabeça era irônico podia ver toda a cidade como se pudesse controla-la mas a única coisa que não tinha era a que precisava. Pensando em tudo aquilo ele fechou os olhos, terminou sua cerveja, pegou seu celular, e discou. Um toque, dois toques, três toques. Caiu na caixa postal ele ouviu a mensagem até o final e deixou uma simples e básica mensagem: "senti saudade", e desligou.

A queria por perto só não sabia dizer como. E para isso o tão cheio de conhecimento sentimentalista, era o tipo de pessoa letrada demais. Afinal, é muito mais fácil quando a ignorância intelectual sobrepõe-se ao racionalismo obvio.