sexta-feira, 22 de abril de 2011

Bom Dia

 * Não tive muito tempo para correções, portanto, me desculpem, mas as coisas andam corridas. Como estou viajando hoje, só conseguirei responder na segunda... Obrigado. Thiago*

Fechou o livro, tirou seus óculos e colocou-os na mesinha ao lado da poltrona. Respirou fundo, levantou-se. Caminhou até o banheiro, lavou os rosto e pensou: “Estou apresentável”, vestia uma camisa social cinza grafite manga longa, a calça do terno que usara o dia todo.

Escovou os dentes, passou um pouco de seu perfume amadeirado, o cabelo estava levemente bagunçado, exatamente como gostava. Pegou a chave do carro, e saiu. Finalmente chegara ao seu destino. Escolhera uma mesa de frente para o palco, pediu uma vodka com citrus, seria bom para começar a noite.

Posicionou-se de lado na cadeira, com o braço direito apoiado na parte superior. Olhou seu relógio, enfim, a música estava para começar. Ele aguardara por esse show, alias como ele definia: “A Capela”,contudo, ele não conseguia ver tanto sentido. Não era assim que era para ser. Ele pegou o telefone mas não discou. Colocou de novo em seu bolso e tomou um gole de sua vodka.

As vezes ter privilégios nos lugares tinha suas vantagens, ele era um dos poucos que podia ser servido hoje. E isso alimentava um pouco o ego. Seu baixo eu. Se distraiu fazendo círculos com o copo, uma ação muito típica dele. Pouco tempo depois o garçom chegou e disse que havia uma senhorita na porta, dizendo que estava ali para encontrá-lo.

A surpresa o pegar desprevenido. Perguntou qual o nome da pessoa e o garçom o disse, ele autorizou a entrada e discretamente um sorriso apareceu. Que noite boa. Ele olhou para o espaço pelo qual ela teria que passar, e ela passou, linda, com um vestido preto colado ao corpo, que chegava até a altura dos joelhos. Não era vulgar, muito menos comportado. Era provocante, politicamente correto, religiosamente devastador de crescenças.

Ele prestou atenção em cada detalhe. Em como a rubi vermelho que ele dera ficava bonito em contraste com o verde dos olhos dela. Seu cabelo caia até a altura do ombro. Ela era perfeita demais para não ludibria-lo.

Sorriu e disse: Não esperava que viesse. Ela o olhou e respondeu: “Temos muita coisa para conversar ainda, porém, nada melhor do que a musica que nos apresentou.
Ele sorriu e estendeu a mão direita par que ela pegasse. Acompanhou-a até a cadeira e sentaram.

O show iria começar e a música deles viria para dar as boas vindas para o novo-velho casal.

A música começou, ele olhou para ela e sorriu, ela retribuiu o sorriso mas não cortou o silêncio. Ele respirou fundo e disse: “Lembra desa música?” Ela o olhou nos olhos “Cada verso”. Ficaram quietos, não havia mais o que dizer. Bandolins soaram deliciosamente pela acústica do bar. Ele não aguentou, puxou-a para ele e a beijo. Bastara de infantilidades e imaturidades. Era hora de crescer, era hora de começar de novo com o velho.

O show acabara, ele levantou-se e estendeu a mão para que ela levantasse , ela aceitou, e o acompanhou, ele perguntou se ela queria ir para seu apartamento, ela aceitou. Conversaram o caminho inteiro e perceberam quanta falta aquilo fazia. Conversaram por horas, decidiram as pendências. Era melhor viver cada coisa de cada vez, não correr, só viver.

Mas nada impediria o beijo de Bom Dia.

domingo, 10 de abril de 2011

Não há como recuperar

Peguei meu celular e apertei snooze. Enfim a noite acabara, melhor assim. Contemplei o teto por alguns instantes, suspirei. Não era como se eu tivesse dormido a noite toda, o que de fato não fiz. Na realidade, também não era como se divertir a noite toda. Eu não dormira. Mas estava aliviado, teria, agora, que o dia finalmente começara,  como me concentrar em outras coisas. Mas Primeiro, faria algo.

O sentimento de insuficiência me bateu. Levantei e fui ao banheiro; escovei meus dentes e após secar o rosto, olhei para o espelho: "Eu estava acabado". Liguei o som, abri o chuveiro, e ao som de Say do John Mayer, deixei a água cair em mim. Eu pensava: "Como poucas palavras proferidas poderiam me afetar tanto?." Desliguei o chuveiro, peguei a boa tolha preta, enrolei em torno da cintura cobrindo apenas o que era estritamente necessário. Caminhei até a cozinha. Olhei para a mesa que não arrumara na noite passada, peguei um copo de café e fui até a janela.

Eram 9 am e a cidade estava agitada. Trabalhar em casa tinha suas vantagens. Mas hoje, especialmente hoje. Não queria essa comodidade.

Respirei fundo; não perdoava-me por não ter dito tudo que queria quando ela disse que iria embora. Eu perdera a oportunidade de dizer o que estava pensando o que tinha por dentro. Eu sabia que não havia como recuperar o tempo perdido ou corrigir os problemas que tivemos. Mas tinha de dizer tudo.

E era tarde. Era tarde demais para desculpas, minhas ou dela. Peguei o telefone e disquei o primeiro número da lista, ela atendeu, com um Olá. Não respondi, só disse o que queria:

“ - Eu não estou te ligando para pedir uma segunda chance. Eu estou te ligando para dizer, para gritar-te cada coisa, cada palavra que eu não disse ontem após suas verdades. Depois de falar eu vou desligar o telefone e não vou mais te ligar. Mas preste atenção em cada palavra que talvez sem sentido saia, pois, eu não tenho um script para seguir.... Eu me importo e gosto de você por tudo que você é, eu quero/sempre quis, ver-te feliz. Sei que não há mais uma situação que nos faça ficar bem de imediato, mas, deixar-te ir ontem sem dizer nada foi errado. Erramos. Ambos. É muito tarde para desculpas. Só quero que saiba que eu e você, superaremos isso. Há básicamente quatro coisas que não podem ser recuperadas:
-A pedra depois de atirada..
-A palavra depois de proferida..
-A ocasião depois de perdida..
-E o tempo depois de passado..
E isso destruiu tudo. E Isso fez com que acabasse. Deve ter sido tão difícil suportar minhas fraquezas e desilusões. Mas não foi fácil também suportar seus erros. Não foi fácil para ninguém. Sigo então, ainda  que , tenha certo carinho, mas hoje acho que é só isso. Te ver chorar ontem me machucou. Porque eu sabia que eu era a razão. E te ver sorrir amanhã me deixará enciumado por não ser a razão. Mas quero que seja feliz.
Encontrará alguém para começar do zero. Começe certo. Você sabe como o fazer. Eu também encontrarei alguém e começarei certo. Me desculpe por qualquer eventualidade. E esta é a pedra que faltava ser atirada, fique tranquila. Ela vai pingar uma ou duas vezes no rio e chegará na outra margem e em pouco tempo será só um arranhão. Seja feliz e adeus.”

Como prometido desliguei o telefone, havia uma dor no meu peito mas aquilo era o fim. E eu haveria de encontrar. Encontrar alguém que fizesse-me sentir tolo, bobo, ou até imaturo. Mas eu estava cansado e é exatamente quando a gente tá cansado que o coração distraí então a sorte vem.