sábado, 12 de março de 2011

Tarde Seguinte

Estava abarrotado de pessoas, confortantemente abarrotado, mas eu pude ver-te. Não, na realidade foi algo muito mais, como sentir-te. Eu sabia que encontraria algo. Algo você, alguma música ao fundo tocava, não sabia o nome ou quem cantava, mas fez meus olhos fecharem, esses os quais muitas das vezes haviam permanecido abertos ao som de qualquer melodia, não resistiram, padeceram.

A brisa suave bateu ao meu rosto. Chegara a uma área particular da casa, acendi meu cigarro amassado, risquei o isqueiro velho e traguei. Era sexta-feira, eu estava cansado. Exausto seria a palavra, mas minha mente máquinaria, programada para Supply Chain, não aquietou-se, pensava no que vira, sentira ou até imaginara, pois, não era possível. O estonteante não pode ser possível.

Ali, com o cigarro na mão, vendo suas cinzas cairem e sentindo a brisa bater, me ocorreu o pensamento, o impróprio pensamento de algo gelado amargo descer pela minha garganta. Me virei para onde haveria de voltar. Não fui, pois, ela vinha em minha direção, um sorriso não pretensioso, era puro. Me venceu. O tão pretensioso e dominador se foi. O controle da situação já não era mais meu, se é que algum dia fora.

Ela sentou-se na mesa, cruzou sua perna e seu olhar se perdeu. Foi para um infinito particular onde cada detalhe era exclusivo e aquilo, aquele infinito me ludibriou, eu precisava, queria, tinha sede de curiosidade por aquele pensamento. Exitei ao ir até ela, pois, não sabia o que dizer, não queria soar clichê , queria soar a mim, agradável, sutilmente inteligente, feminista. Joguei o cigarro fora. Caminhei. Perguntei se ela gostaria de companhia, ainda que inseguro e amedrontado. E ela disse que seria agradável.

Puxei a cadeira, me sentei, observei seus olhos sem falar nada por alguns instantes. Perguntei para onde ela olhava, tão compenetrada. Ela me disse que somente pensa e admirava as estrelas. Falei para ela que olhar as estrelas sempre me acalmava, apontei para ela a constelação de Sagitário, a noite era bem clara, um céu que só o interior provia. Ela falou que seu signo era Sagitário, mas não era uma grande conhecedora de constelações. Eu falei que também não mas, como seus olhos, era a mais bela que já haviam me apresentado.

Ela sorriu tímida pela primeira vez, me senti como um vencedor. Ela perguntou se eu tinha um papel disse que sim, e ela me pediu emprestado, anotou um telefone e me devolveu, olhou para mim e pediu que ligasse no outro dia, depois das 14, pois precisava ir. Eu levantei-me, demonstrando meu cavalherismoa para auxiliá-la, agredeci pelo número e disse que ligaria. Ela me deu um beijo doce no rosto e disse "se cuide",virou as costas e voltou de onde viera.

A vontade de algo amargo e gelado havia ido embora, eu peguei outro cigarro dei um trago e deixei-o queimar enquanto olhava a bela Sagitariana que havia conhecido através de sua própria constelação, dei mais um trago e fechei meus olhos, a noite já não me interessava tanto quanto a tarde seguinte.

2 comentários:

  1. ...
    Tentei deixar algum comentário..

    Mas acho que meu silencio lhe valerá muito mais!!

    Bonito texto!

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  2. Ei... eu sou de Sagitário!!! kkkkkkkkk Boa semana querido!!! Beijos

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